Ondas de calor – Consequências para a saúde e precauções que deve ter


                		
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Uma onda de calor é definida, pela Organização Meteorológica Mundial, como um fenómeno meteorológico em que, durante um período de pelo menos seis dias seguidos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio das máximas diárias no período de referência. É, portanto, caracterizada por temperaturas máximas persistentes e muito elevadas para a época do ano e temperaturas mínimas elevadas, durante um determinado período de tempo.

A exposição ao calor intenso constitui graves riscos para a saúde, agravando muitas vezes as condições de saúde pré-existentes, em especial se acontecer durante vários dias consecutivos, podendo obrigar a cuidados de saúde emergentes devido a problemas como: golpes de calor ou insolação, esgotamento devido ao calor, agravamento de doenças crónicas, risco de desidratação, aumento da sobrecarga cardiovascular, lesões na pele (queimaduras solares, eritemas e erupções), fadiga térmica e perturbações psicológicas como irritabilidade e mal-estar geral.

O aumento da poluição atmosférica (com aumento de concentração de contaminantes no ar) e a diminuição da quantidade e qualidade da água (o que potencia a proliferação de agentes patogénicos), decorrentes dos efeitos das ondas de calor podem ainda contribuir para o aparecimento de doenças respiratórias (como a rinite alérgica) e doenças relacionadas com o consumo de água contaminada e transmitidas por vetores de agentes que provocam doenças (mosquitos, por ex.). São situações graves que podem provocar danos irreversíveis na saúde e potencializar o aumento do número de mortes associadas ao calor intenso.

Segundo dados da World Health Organization (WHO), nas últimas décadas centenas de pessoas morreram como resultado de complicações da exposição ao calor extremo durante ondas de calor prolongadas. Este ano, já aconteceram mais de 1700 mortes relacionadas com as ondas de calor, só em Espanha e Portugal.

Neste contexto, é importante perceber quais os grupos que se encontram em maior risco de vir a desenvolver problemas relacionados com o impacto negativo do calor extremo, quais os sintomas mais frequentes e quais as medidas que devem adotar para se protegerem a si e à sua família.

Para isso seguimos as indicações da Direção Geral da Saúde (DGS) e da World Health Organization (WHO).

Grupos de risco mais vulneráveis ao calor

Existem grupos de risco que são mais vulneráveis ao calor e que precisamos de ter uma atenção redobrada. São eles:

  • Pessoas idosas;
  • As crianças nos primeiros anos de vida;
  • Grávidas;
  • Pessoas com excesso de peso ou obesas;
  • Portadoras de doenças crónicas, como doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, entre outras;
  • Pessoas acamadas;
  • Trabalhadores expostos ao sol e/ou calor;
  • Pessoas que vivem em habitações com más condições;
  • Pessoas com problemas de saúde mental.

Efeitos graves do calor intenso na saúde

O nosso corpo tenta manter uma temperatura interna constante de 37ºC, sendo que durante períodos de calor intenso é produzido suor que permite arrefecer o corpo à medida que este se evapora. Quando aumenta a humidade do ar, a capacidade de evaporação do suor diminui e quando a humidade relativa do ar atinge os 90% acaba mesmo por parar. Nesta situação, a temperatura do corpo aumenta, aumentando a produção de suor podendo levar à desidratação excessiva e com isto provocar sérios danos à saúde e mesmo à morte.

Por isso, em situações extremas de exposição ao calor intenso, especialmente durante vários dias seguidos, podem surgir problemas de saúde relacionadas com o calor, além de poder existir um agravamento das doenças crónicas, como já foi referido.

Insolação ou golpes de calor, esgotamento devido ao calor e cãibras são alguns dos exemplos que podem obrigar a cuidados médicos emergentes.

Insolação ou golpe de calor

Quando o sistema de regulação de temperatura do corpo deixa de funcionar e não consegue produzir suor para se arrefecer pode existir um aumento da temperatura corporal excessivo. Em 10-15 minutos pode atingir temperaturas de 39ºC ou mais o que pode provocar danos cerebrais e até mesmo a morte se não for feito nada.

Os sintomas de uma insolação são:

  • Febre alta;
  • Pele quente, vermelha, seca e sem produção de suor;
  • Frequência cardíaca (pulso) rápido e forte;
  • Cefaleias (dor de cabeça);
  • Náuseas;
  • Tonturas;

O que fazer quando estamos perante um quadro de insolação?

Perante uma pessoa com insolação devemos imediatamente pedir ajuda (chamar um médico ou ligar 112) e realizar os seguintes procedimentos:

  • Transportar a pessoa para um local fresco ou com ar condicionado;
  • Arejar a pessoa agitando o ar vigorosamente (com um leque ou cartão, por exemplo) ou usar uma ventoinha ou ventilador;
  • Refrescar a pessoa com água (aplicar toalhas húmidas no corpo ou pulverizar com água fria);
  • Dar líquidos a beber, exceto no caso de a pessoa se encontrar inconsciente;
  • No caso da pessoa ficar inconsciente deve manter os procedimentos anteriores mantendo a pessoa em posição lateral de segurança (virada de lado) até chegar a ajuda;

Esgotamento devido ao calor

No esgotamento devido ao calor estamos perante uma alteração do metabolismo hidro-eletrolítico devido à perda excessiva de água e eletrólitos pelo suor. As pessoas idosas e com hipertensão arterial estão mais vulneráveis a esta situação, podendo causar graves problemas de saúde.

Os sintomas do esgotamento devido ao calor são:

  • Transpiração excessiva;
  • Sede intensa;
  • Palidez;
  • Cãibras musculares;
  • Cansaço e fraqueza generalizada;
  • Cefaleias (dor de cabeça);
  • Náuseas e vómitos;
  • Perda parcial ou total da consciência;
  • Respiração rápida e superficial;
  • Frequência cardíaca (pulso) alterna entre fraco e rápido (filiforme);

Neste caso a temperatura do corpo pode manter-se normal, abaixo do normal ou ligeiramente elevada, contrariamente ao que acontece no golpe de calor.

O que fazer quando estamos perante um quadro de esgotamento devido ao calor?

Perante uma pessoa com um esgotamento devido ao calor devemos imediatamente pedir ajuda (chamar um médico ou ligar 112) e realizar os seguintes procedimentos:

  • Transportar a pessoa para um local fresco ou com ar condicionado;
  • Arejar a pessoa agitando o ar vigorosamente (com um leque ou cartão, por exemplo) ou usar uma ventoinha ou ventilador;
  • Refrescar a pessoa com água (aplicar toalhas húmidas no corpo ou pulverizar com água fria);
  • Dar a beber sumos de fruta natural sem açúcar e/ou bebidas que contém eletrólitos exceto no caso de a pessoa se encontrar inconsciente;
  • Deitar a pessoa e levantar-lhe as pernas;
  • No caso de a pessoa ficar inconsciente deve manter os procedimentos anteriores mantendo a pessoa em posição lateral de segurança (virada de lado) até chegar a ajuda;

Cãibras por calor

Apesar de ser uma situação menos grave do que uma insolação ou esgotamento por calor, também pode existir necessidade de tratamento médico quando estamos perante uma situação de cãibras por calor, especialmente se acontecem em pessoas com problemas cardíacos ou com dietas pobres em sal.

As cãibras por calor podem surgir após uma exposição ao calor intenso, quando se transpira muito (em períodos de exercício físico intenso, por exemplo) e não existe uma hidratação adequada, com reposição de água e eletrólitos que são perdidos durante a transpiração. Ou seja, são provocadas pela perda de sal e eletrólitos.

As cãibras por calor manifestam-se através de espasmos dolorosos nas extremidades do corpo (pernas e braços) e no abdómen.

O que deve fazer neste caso?

  • Deve parar o exercício físico (se for o caso) e tentar descansar num local fresco e arejado;
  • Ingerir bebidas que contêm eletrólitos (bebidas para desportistas) ou sumos de fruta natural sem açúcar;
  • Esticar os músculos afetados e massajar suavemente;
  • Caso as cãibras persistam deve procurar ajuda médica.

Medidas recomendadas para prevenir os efeitos do calor intenso na saúde

Segundo a DGS, perante as temperaturas elevadas que persistem durante uma onda de calor devemos adotar as seguintes recomendações:

  • Aumente a hidratação oral, consumindo mais água ou sumos de fruta natural, sem adição de açúcar ou adoçantes, mesmo sem ter sede;
  • As pessoas idosas, doentes, bebés e crianças podem não sentir ou manifestar sede, pelo que se tornam mais vulneráveis podendo correr maior risco de desidratação. Deve permanecer atento e oferecer-lhes água várias vezes ao dia;
  • Evite bebidas alcoólicas e bebidas e/ou refrigerantes com muito açúcar;
  • Opte por fazer refeições mais ligeiras e frequentes e evite refeições muito pesadas e condimentadas;
  • As pessoas que estejam a fazer uma dieta com restrição de líquidos, com pouco sal ou que sofram de doença crónica devem contactar com o seu médico ou a linha de saúde 24;
  • Evite a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11 e as 17 horas;
  • Use sempre proteção solar quando estiver exposto ao sol. Deve usar um protetor solar com um índice de proteção elevado (igual ou superior a 30) e renovar a sua aplicação sempre que estiver exposto ao sol (de 2 em 2 horas), se estiver molhado ou se tiver transpirado.
  • Os idosos devem evitar ir à praia nos dias de muito calor e as crianças com menos de 6 meses também não devem ser sujeitas a exposição solar. Crianças com menos de três anos também devem ser protegidas da exposição solar direta. As radiações solares podem provocar queimaduras na pele mesmo debaixo de um chapéu-de-sol. A água do mar e a areia também refletem os raios solares pelo que estar dentro de água não evita as queimaduras das zonas expostas.
  • Quando andar ao ar livre deve usar roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão e, de preferência, que evitem a exposição direta da pele ao sol, em particular nas horas de maior incidência solar. Use chapéu e óculos que ofereçam proteção contra a radiação UVA e UVB;
  • Deve, sempre que possível, diminuir os esforços e evitar atividades que exijam esforço físico. Repouse frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados;
  • Se está grávida deve moderar a atividade física, evitar a exposição ao sol e ingerir líquidos frequentemente;
  • Se trabalhar no exterior deve hidratar-se frequentemente e proteger-se com roupa fresca e larga e chapéu. Evite trabalhar sozinho nestas condições porque, em situações de calor extremo poderá ficar confuso ou perder a consciência;
  • Evite a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor. Caso o carro não tenha ar condicionado não deve fechar completamente as janelas;
  • Caso tenha que viajar, leve sempre água suficiente e faça paragens frequentes para beber. Se possível deve viajar de noite;
  • Tente permanecer 2 a 3 horas por dia num ambiente fresco ou com ar condicionado, tendo o cuidado de evitar mudanças bruscas de temperatura. No caso de pessoas idosas, doentes crónicos e crianças pode ajudar a evitar os efeitos nefastos do calor;
  • Tome um banho de água fria ou tépida, no período de maior calor, evitando mudanças bruscas de temperatura (um banho com água gelada após um período de exposição ao sol pode causar hipotermia, principalmente em idosos ou crianças);
  • Evite que o calor entre dentro das habitações. Para isso deve fechar as persianas ou portadas e manter o ar a circular dentro de casa. Ao final do dia, quando a temperatura no exterior for inferior à da habitação deve abrir as janelas de forma a arejar a habitação. Deve ter em atenção, no entanto, à exposição de pessoas mais vulneráveis a correntes de ar que podem provocar outros problemas de saúde;
  • Use menos roupa na cama e tenha maior atenção no caso de bebés e doentes acamados que não têm capacidade de comunicar o desconforto provocado pelo calor;
  • É importante ainda ter atenção ao estado de saúde de pessoas isoladas, idosas, frágeis ou dependentes que possam viver perto de si e ajudá-las a protegerem-se do calor.
  • Não deve hesitar em pedir ajuda a um familiar ou vizinho no caso de se sentir mal com o calor. Se não tiver ninguém, deve ligar para a linha de saúde 24 (SNS 24: 808242424) e em caso de emergência ligue 112.

Tente manter-se sempre informado relativamente às previsões meteorológicas e siga as recomendações da Direção Geral da Saúde (DGS).

Bibliografia

  1. Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ondas de Calor – recomendações para a população. Direção Geral da Saúde (DGS). Visitado em 19/08/2022. Disponível aqui.
  2. World Health Organization (WHO). Calor e Saúde. World Health Organization. 2018. Disponível aqui.

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Dieta ou reeducação alimentar. Qual a melhor opção?


                		
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Sempre que queremos perder peso tentámos encontrar o caminho mais rápido e muitas vezes acabámos por tomar decisões menos boas em termos de alimentação e que podem ajudar a curto prazo mas que se revelam ineficazes na manutenção de um peso saudável.

Sabemos que para perder peso é necessário consumir menos calorias (energia) do que aquelas que o nosso corpo necessita. Para isso, fazer dieta mostra-se uma estratégia eficaz mas que dificilmente se consegue manter a longo prazo, o que leva muitas vezes ao efeito “io-iô”, em que a pessoa perde peso mas rapidamente volta ao seu peso normal quando deixa de a fazer.

Além disso, existem dietas muito restritivas, com exclusão de determinados grupos alimentares, que vão ser difíceis de cumprir e podem levar a défices nutricionais com prejuízo para a saúde. Dietas que eliminam os hidratos de carbono ou as gorduras por exemplo, podem mostrar resultados a curto prazo porque diminuem o número de calorias ingeridas, mas vão levar ao aumento de desejos por outros alimentos e diminuir a sensação de saciedade, o que faz com que a pessoa sinta que está sempre com fome e nunca se sinta satisfeita, o que faz com que rapidamente deixe a dieta e volte ao peso inicial. Ou seja, não são dietas sustentáveis que se consigam manter durante muito tempo.

Uma reeducação alimentar implica que se aprendam novos conceitos e que se mudem hábitos e rotinas alimentares. Implica uma mudança e claro que sabemos que muitas pessoas são renitentes à mudança. Mas esta alteração de hábitos e comportamentos alimentares não vai só permitir que haja uma perda de peso, mas que a pessoa tenha uma vida com mais qualidade e com menos problemas de saúde que podem ser prevenidos por uma adoção de hábitos de vida mais saudáveis.

Existem uma série de estratégias que deve adotar de forma a conseguir reeducar a sua alimentação:

  • Opte por uma alimentação rica e variada, em que estejam incluídos todos os grupos alimentares (hidratos de carbono, proteínas e gorduras) nas devidas quantidades (ver roda dos alimentos);
  • Diminua o consumo de alimentos processados, doces, gorduras trans e carnes vermelhas e aumente o consumo de verduras, fruta e boas fontes de proteína como as leguminosas, ovos, peixe e carnes magras e boas fontes de gordura como a utilização do azeite como gordura preferencial e o aumento do consumo de sementes e frutas oleaginosas que são ricas em gorduras boas;
  • Deve ter sempre presente, nas refeições, um elemento de cada grupo alimentar e no caso de querer perder peso pode reduzir as quantidades ingeridas de cada grupo, de forma a diminuir as calorias consumidas. Deverá saber quais as suas necessidades energéticas diárias para conseguir fazer uma redução saudável e sustentável;
  • Deverá reduzir a ingestão de sal e açúcar, devendo usar como alternativa outros tipos de condimentos e ervas aromáticas;
  • Tome café e chás sem açúcar. No início pode parecer desagradável mas com o tempo o nosso corpo habitua-se e deixa de sentir a falta desse aditivo;
  • Deverá beber entre 1,5l e 2l de água por dia evitando bebidas alcoólicas e sumos/refrigerantes que contêm muito açúcar e calorias “vazias”;
  • Não deixe de comer o que lhe apetece de vez em quando. Comer um doce ou um chocolate uma ou duas vezes por semana não vai fazer mal e vai permitir que não fique desconsolado ajudando a manter a boa alimentação durante o resto da semana;
  • Deve comer devagar e mastigar bem os alimentos. Vai ajudar a sentir-se saciado mais rapidamente e perceber se realmente precisa de comer mais ou não. O nosso cérebro só recebe a informação de que está saciado cerca de 20 minutos após termos iniciado a refeição;
  • Deve ouvir o seu corpo e comer quando tem fome. Não tem necessariamente que comer de 3 em 3 horas. Deve ainda tentar perceber se o que sente é mesmo fome ou vontade de comer, porque muitas vezes sentimos essa vontade porque estamos desconsolados, ansiosos, aborrecidos ou simplesmente não temos mais nada para fazer e refugiamo-nos na comida. Além disso, muitas vezes a sensação de fome confunde-se com a sede, e basta bebermos água para nos sentirmos saciados;
  • Evite o pensamento “perdido por cem, perdido por mil” quando comete um excesso alimentar e volte à sua rotina habitual o quanto ante. Não pense que já estragou tudo e que já não vale a pena continuar com os bons cuidados.

Estas são algumas estratégias de reeducação alimentar que vão ajudar a manter uma alimentação equilibrada e uma perda/manutenção de peso saudável durante toda a vida e não só em determinadas alturas como quando queremos “preparar o corpo para o verão”.

Em vez de restrições alimentares excessivas e muitas vezes pouco saudáveis pense antes em reestruturar a sua alimentação, criando novos hábitos que pode manter no futuro e que vai permitir uma vida mais saudável. Associe ainda, a uma boa alimentação, a prática de exercício físico regular para melhorar a sua saúde e conseguir atingir mais rapidamente os seus objetivos.

Na dúvida deve sempre procurar ajuda de profissionais de saúde que avaliam cada caso individualmente e vão ajudar no seu caso em particular.

Não entre em dietas da moda. Não queira resultados a curto prazo que não consegue manter. Pense na sua versão do futuro e como vai querer envelhecer. Mude hábitos e crie rotinas saudáveis. Cuide de si.

Leia os artigos neste site relacionados com nutrição e fitness e aprenda como adquirir hábitos alimentares e de vida mais saudáveis.

Artigo de opinião, baseado em experiências pessoais e conhecimento adquirido de forma autodidata.

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O que é a endometriose, quais os seus sintomas e tratamento?


                		
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A endometriose é uma doença crónica do foro ginecológico. É uma patologia benigna, progressiva e dependente de estrogénio que se caracteriza pela presença de tecido semelhante ao endométrio (tecido que reveste o útero da mulher) fora da cavidade uterina.

Esse tecido age como o endométrio. Reage às mudanças hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual acumulando-se e decompondo-se, provocando na altura da menstruação, pequenas hemorragias. O sangue resultante desses sangramentos fica acumulado ao redor dos focos de endometriose provocando uma inflamação e a cicatrização do tecido normal envolvente.

É uma das doenças mais comuns durante a vida reprodutiva da mulher, afetando de 5 a 15% dessa população, e é uma das principais causas de sintomas como dor pélvica e infertilidade nessa faixa etária. É uma doença com impacto importante na saúde da mulher devido à sua influência na qualidade de vida, carreira profissional, relações pessoais e sexuais, saúde mental e infertilidade.

Quais são as causas de endometriose?

A endometriose ainda é uma doença enigmática cuja fisiopatologia é amplamente estudada pela comunidade científica, sendo ainda um tema de discussão entre investigadores. Existem várias teorias baseadas em evidências clínicas e experimentais, sendo as seguintes as mais consensuais:

  • Teoria de Sampson ou da menstruação retrógrada: esta teoria sugere que pode existir um refluxo do conteúdo menstrual, em que células endometriais migram para outros espaços fora do útero, através das trompas de falópio, e têm a capacidade de se implantarem e proliferarem. Contudo, esta teoria pode explicar a endometriose pélvica, mas não explica a doença no cérebro ou reto, por exemplo;
  • Teoria da metaplasia celómica: sugere que as lesões de endometriose podem originar-se diretamente de tecidos normais mediante um processo de diferenciação metaplásica. Esta teoria permite explicar o aparecimento de lesões em qualquer local (derivado do epitélio celómico), o que justificaria o aparecimento de lesões em localizações extra-pélvicas;
  • Teoria das metástases linfovasculares: insinua que células endometriais são disseminadas por via linfática e hematogénica e resultam em implantes ectópicos (fora do local habitual) em diferentes órgãos do corpo;
  • Teoria genética: refere que poderá haver uma componente genética da doença. Se a mãe tem endometriose, a probabilidade da filha ter aumenta significativamente. No caso de irmãs gémeas, a doença manifesta-se em ambas.

A endometriose parece estar ainda relacionada com uma grande quantidade de estrogénio circulante no corpo da mulher. Esta hormona vai diminuir a progesterona e consequentemente deixa de inibir os possíveis focos da endometriose.

Onde surge a endometriose?

A endometriose surge com mais frequência na cavidade pélvica e pode acometer:

  • Os ovários;
  • As trompas de Falópio;
  • Os ligamentos que sustentam o útero (ligamentos uterossacros);
  • O fundo de saco posterior (o espaço entre o útero e o reto);
  • O fundo de saco anterior (o espaço entre o útero e a bexiga);
  • A superfície externa do útero;
  • O revestimento da cavidade pélvica.

Ocasionalmente, o tecido endometrial é encontrado em outros lugares, como:

  • Os intestinos;
  • O reto;
  • A bexiga;
  • A vagina;
  • O colo do útero;
  • A vulva;
  • Cicatrizes de cirurgia abdominal.

Pode surgir mais raramente (cerca de 1% dos casos) em locais como o apêndice, rim, vesícula biliar, mama, fígado, pulmão e cérebro.

Quais são os sinais e sintomas de endometriose?

Os sintomas de endometriose vão depender dos órgãos onde ela está presente e do grau de profundidade, podendo ser assintomática nos seus casos mais ligeiros. No entanto os sintomas mais frequentes são:

  • Dor pélvica
    • Dismenorreia – dor durante a menstruação ou entre períodos menstruais. Pode iniciar-se alguns dias antes da menstruação e prolongar-se alguns dias após;
    • Dor pélvica aguda relacionada com rotura, hemorragia ou infeção de um endometrioma (endometriose no ovário);
    • Dispareunia – dor durante ou depois do ato sexual. Na penetração profunda há um arrastamento do útero (devido a aderências intra-abdominais), o que provoca dor.
  • Perdas de sangue
    • Habitualmente as menstruações são mais abundantes;
    • Pode ocorrer perdas de sangue antes da chegada do período menstrual;
    • Spotting – sangramento com uma cor e consistência parecida ao chocolate.
  • Problemas intestinais e urinários
    • Retorragias – perdas de sangue juntamente com as fezes;
    • Hematúria – urina com sangue;
    • Dificuldade em evacuar (disquesia);
    • Desconforto ao urinar (disúria);
  • Dor lombar
  • Fadiga
  • Infertilidade.

Nas formas mais graves e mais raras de endometriose podem ainda estar presentes outros sintomas relacionados com os órgãos atingidos.

Qual a relação entre endometriose e infertilidade?

Cerca de 30 a 40% das mulheres com endometriose são consideradas inférteis. Uma distorção da anatomia pélvica, fatores imunológicos e hormonais, aderências e oclusões tubárias são algumas das possíveis causas da infertilidade. A endometriose leve pode ainda causar disfunção ovulatória, foliculogénese comprometida, implantação defeituosa do embrião, alterações do endométrio ectópico, ambiente peritoneal imunológico anormal e problemas da faz lútea do ciclo menstrual.

No entanto, a maioria das mulheres que possui um nível moderado ou leve da endometriose não vêm a sua fertilidade comprometida.

No caso de mulheres inférteis com endometriose é muito importante fazer o diagnóstico correto da localização e profundidade dos focos de forma a se optar pelo melhor tratamento. A cirurgia ou as técnicas de reprodução assistidas podem ser uma alternativa para conseguirem engravidar.

Como é feito o diagnóstico de endometriose?

Muitas vezes o diagnóstico de endometriose pode demorar anos a ser feito. A normalização da dor menstrual, a falta de sensibilização por parte dos profissionais de saúde e a falta de vigilância ginecológica leva muitas vezes ao atraso da deteção da doença e, muitas vezes, só quando o casal tenta engravidar e não consegue é que procuram ajuda e, através da investigação da causa de infertilidade, chegam ao diagnóstico de endometriose.

O diagnóstico de endometriose é feito através de:

  • História clínica: avaliação do histórico da utente e da família, a avaliação das características da dor e a identificação de irregularidades menstruais;
  • Exame pélvico: através da palpação abdominal e manipulação de estruturas como o útero, p.ex. vai permitir analisar onde a dor é mais intensa, ajudando a determinar clinicamente a extensão da doença. Um exame pélvico cuidadoso e especializado fornece muitas informações;
  • Ultrassonografia transvaginal: é utilizado um transdutor de ultrassom portátil que transmite ondas sonoras de alta frequência. As lesões de endometriose visualizadas por esse exame são encontradas até 5 mm de profundidade no revestimento uterino. As lesões localizadas mais profundamente (> 5mm) dentro da pelve, são classificadas como endometriose profunda;
  • Ressonância magnética: A RNM, é uma modalidade de imagem estática e tem o benefício de ser menos invasiva. Ela também é eficiente no mapeamento de lesões subtis, evitando atrasos no diagnóstico, e na visualização de lesões que penetram o espaço retroperitoneal ou as paredes dos órgãos pélvicos;
  • Videolaparoscopia: É uma técnica que consiste em fazer pequenas perfurações, para fazer uma inspeção visual interna do órgão em causa com uma pequena câmara. Este método permite diagnosticar a endometriose em 70% das pacientes;
  • Estudo histopatológico: Através de uma biópsia deste tecido endométrico ectópico efetuada sob observação direta, é possível confirmar em definitivo o diagnóstico de endometriose.

Classificação da endometriose

A endometriose pode ser classificada de acordo com o tipo histológico dos implantes, com a localização anatómica da doença ou pela extensão da doença sobre os órgãos pélvicos (observada por laparoscopia).

A classificação mais usada atualmente é a da American Society of Reproductive Medicine. Esta classificação gradua a endometriose em mínima, ligeira, moderada ou grave pela extensão da doença no peritoneu e ovários, bem como a presença de aderências tubo-ovarianas e bloqueio do fundo do saco de Douglas. Apresenta algumas limitações mas é bastante útil na orientação de tratamento cirúrgico.

ClassificaçãoDescrição
Estágio I
Mínima
Possui focos endometrióticos isolados;
Sem aderências significativas.
Estágio II
Ligeira
Lesões livres e dispersas;
Sem aderências significativas;
Implantes superficiais.
Estágio III
Moderada
Muitos implantes profundos;
Pequenos endometriomas em um ou ambos os ovários;
Algumas aderências membranosas.
Estágio IV
Grave
Vários implantes profundos;
Grandes endometriomas em um ou ambos os ovários;
Várias aderências densas
(por vezes entre o reto e a parede posterior do útero).
Classificação da endometriose pela American Society of Reproductive Medicine

Outra classificação também usada é a relacionada com a localização dos focos de endometriose e divide a doença em:

  • Peritoneal (endometriose superficial peritoneal): os implantes de endométrio ectópico são encontrados no peritoneu (tecido que recobre os órgãos abdominais e pélvicos), mas sem infiltrações profundas;
  • Ovariana: as células endometriais implantam-se nos ovários, formando quistos (endometriomas) que interferem na capacidade ovulatória da portadora;
  • Endometriose infiltrativa profunda: apresenta profundidade maior que cinco milímetros e acomete as regiões retrocervical, septo reto-vaginal, reto-sigmoide, ureteres e bexiga, comprometendo o funcionamento desses órgãos.

Qual o tratamento da endometriose?

Apesar de não ter cura, a doença pode ser controlada. O tratamento específico para endometriose pode ser complexo e será determinado com base em determinados fatores:

  • A saúde geral e histórico médico da mulher;
  • Os sintomas atuais;
  • A extensão da doença;
  • A tolerância da mulher a medicamentos, procedimentos ou terapias específicas;
  • Quais as expectativas para o curso da doença;
  • Opinião ou preferência da mulher;
  • Desejo de gravidez;

Em geral, o tratamento para endometriose pode incluir:

  • Tratamento médico não hormonal: uso de AINES (ainti-inflamatórios não esteróides);
  • Tratamento médico hormonal (através da inibição da ovulação e atrofia do endométrio, o que leva à diminuição da progressão da doença e os sintomas):
    • Contracetivos hormonais combinados e progesterativos;
    • Agonistas GnRH ( agonistas da hormona libertadora de gonadotrofina);
    • Andrógenos;
    • Inibidores da aromatase.
  • Tratamento cirúrgico:
    • Cirurgia conservadora de resseção ou ablação do tecido endometriótico (através de laparotomia) – tem como objetivo o controlo da dor e correção da distorção anatómica e/ou remoção das lesões. É usado em sintomas severos da doença, após tratamento médico sem alívio dos sintomas ou quando está comprometida alguma função de algum órgão;
    • Histerectomia total abdominal com ou sem salpingo-ooforectomia bilateral se a doença é grave e a paciente não pretender engravidar.

Como vimos, a endometriose afeta muitas mulheres em idade reprodutiva podendo influenciar negativamente a qualidade de vida da mulher. Desde dores crónicas à infertilidade a endometriose traz complicações que podem levar a problemas físicos e emocionais importantes. É, por isso importante reconhecer os sinais e sintomas mais comuns de forma a que seja feito um diagnóstico precoce e que possa ser instituído o tratamento mais rapidamente e eficaz possível.

Bibliografia

  1. Andrade V, et al. Endometriose: manifestações clínicas e diagnóstico – revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.1, p.3584-3592 jan. 2021.
  2. Aragão J, et al. Os avanços no diagnóstico da endometriose e a importância da sua realização de forma precoce. Saúde da Mulher e do Recém-Nascido: políticas, programas e assistência multidisciplinar. 10.37885/210404216. 2021. Disponível aqui.
  3. Bragança A. Endometriose e endometriomas – Duas patologias, a mesma identidade? Artigo de revisão. Mestrado integrado em medicina – trabalho final. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. 2019. Disponível aqui.
  4. Caldeira T, et al. Infertilidade na endometriose: etiologia e terapêutica. HU Revista, Juiz de Fora, v. 43, n. 2, p. 173-178, abr./jun. 2017.
  5. Comissão nacional especializada em Endometriose – 2020 / 2023. Endometriose – Protocolos Febrasgo – Ginecologia nº 78. Comissão nacional especializada em Endometriose. 2021. Disponível aqui.

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O que é o teste do pezinho e qual a sua importância?


                		
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O teste de rastreio neonatal mais conhecido como o “teste do pezinho”, faz parte do Programa Nacional de Rastreio Neonatal e realiza, desde 1979, testes a todos os recém-nascidos. Este teste é realizado a partir do 3º dia de vida e se possível até ao 6º e permite rastrear uma série de doenças graves, quase sempre genéticas, que são de difícil diagnóstico nas primeiras semanas de vida e que podem trazer problemas graves ao bebé, no futuro. É possível, com este teste, diagnosticar essas doenças e iniciar o tratamento precoce mesmo antes da criança apresentar algum sinal ou sintoma.

Este teste não é obrigatório. Contudo, tendo em conta que existe tratamento para todas as doenças estudadas e diagnosticadas com este teste, as vantagens para o bebé, família e comunidade são evidentes. Segundo os dados atuais, mais de 1600 recém-nascidos doentes foram rastreados e receberam tratamento logo nas primeiras semanas de vida, evitando-se graves problemas de saúde.

Quais são as doenças diagnosticadas com o “Teste do Pezinho”?

Atualmente, em Portugal, são rastreadas 26 doenças: hipotiroidismo congénito, fibrose quística e 24 doenças hereditárias do metabolismo.

Hipotiroidismo Congénito

Nesta doença, o recém nascido nasce sem tiróide ou esta não funciona corretamente, não produzindo a hormona tiroxina em quantidades suficientes. Esta hormona é fundamental para o bom desenvolvimento físico e mental.

Essa hormona terá de ser administrada à criança diariamente (em forma de comprimido), o mais precocemente possível e, em princípio, durante toda a vida.

Fibrose Quística

É uma doença em que existe uma mutação num gene regulador do transporte transmembranal (CFTR) o que dá origem a uma alteração da proteína responsável pelo transporte de água e sais minerais entre as células. Esta alteração vai provocar um espessamento do muco no organismo, especialmente no aparelho respiratório e digestivo. Nos pulmões esse muco vai criar estase e obstruções podendo facilitar as infeções respiratórias e causar lesões pulmonares severas com formação de quistos e fibrose.

São utilizados fármacos para controlar os sintomas da doença e pode ser necessário, no caso da fibrose pulmonar, o uso de reabilitação respiratória de forma a facilitar a drenagem de secreções. Em algumas situações poderá ser necessária cirurgia e até transplante pulmonar.

Doenças Hereditárias do Metabolismo

Nestas doenças a criança não consegue utilizar certas substâncias que fazem parte da sua alimentação e que, em excesso, são tóxicas para alguns órgãos como o fígado e o sistema nervoso central, por exemplo.

A solução, na maioria dos casos , é alimentar a criança, o mais rapidamente possível, com uma dieta especial que não contenha essas substâncias ou que tenham quantidades devidamente controladas.

As doenças hereditárias do metabolismo que podem ser rastreadas são divididas em aminoacidopatias, doenças do ciclo da ureia, acidúrias orgânicas e doenças hereditárias da β-oxidação mitocondrial dos ácidos gordos:

  • Aminoacidopatias:
    • Fenilcetonúria/Hiperfenilalaninemias;
    • Tirosinemia tipo I;
    • Tirosinemia tipo II/III;
    • Leucinose (MSUD);
    • Homocistinúria clássica;
    • Hipermetioninemia (défice em MATI/III).
  • Doenças do Ciclo da Ureia:
    • Citrulinemia tipo I
    • Acidúria Arginino-succínica
    • Hiperargininemia
  • Acidúrias Orgânicas:
    • Acidúria Propiónica (PA);
    • Acidúria Metilmalónica (MMA, Mut-);
    • Acidúria Isovalérica (IVA);
    • Acidúria 3-Hidroxi-3-Metilglutárica (3-HMG);
    • Acidúria Glutárica tipo I (GA I);
    • 3-Metilcrotonilglicinúria (défice em 3-MCC);
    • Acidúria Malónica.
  • Doenças hereditárias da β-oxidação mitocondrial dos ácidos gordos:
    • Défice da desidrogenase dos ácidos gordos de cadeia média (MCAD);
    • Défice da desidrogenase dos ácidos gordos de cadeia muito longa (VLCAD);
    • Défice da desidrogenase de 3-hidroxi-acilCoA de cadeia longa (LCHAD)/TFP;
    • Défice em carnitina-palmitoil transferase I (CPT I);
    • Défice em carnitina-palmitoil transferase II (CPT II)/CACT;
    • Défice múltipla das desidrogenases dos ác. gordos (Acidúria glutárica tipo II, MADD);
    • Défice primária em carnitina (CUD);
    • Défice da desidrogenase de 3-hidroxi-acilCoA de cadeia curta (SCHAD).

Como é realizado o “teste do pezinho”?

O exame deve ser realizado entre o 3º e o 6º dia de vida do recém-nascido. Antes disso os valores dos marcadores existentes no sangue do bebé podem não ter valor diagnóstico e após o 6º dia podem perder sensibilidade existindo o risco de não conseguir diagnosticar a doença e atrasar o início do tratamento. No entanto, mesmo que por algum motivo a colheita seja realizada tardiamente deve ser sempre feita. O teste pode ser feito na maternidade, em hospitais e centros de saúde.

Alguns centros de saúde aconselham marcar o teste do pezinho via telefone. Existem, no entanto, algumas unidades de saúde familiares que fazem uma primeira visita domiciliária ao recém nascido e podem realizar o teste nessa primeira visita. Em caso de internamento prolongado, o teste do pezinho será realizado no hospital.

É realizada uma ou duas picadas no calcanhar do recém-nascido de forma a conseguir uma colheita de sangue suficiente para aplicar num papel de filtro da ficha de colheita do rastreio neonatal e depois de seco é enviado para a Unidade de Rastreio Neonatal do Instituto Ricardo Jorge. A análise é gratuita, sendo suportada pelo Serviço Nacional de Saúde.

Os casos positivos são posteriormente encaminhados para a rede de centros de tratamento em instituições hospitalares de referência.

Como consultar os resultados do teste do pezinho?

Os pais só são contactados se as análises não forem normais ou se for necessária alguma confirmação laboratorial. Se alguma das doenças rastreadas forem detetadas os pais são avisados imediatamente após o diagnóstico sendo contactados através do centro de saúde ou via telefone, de modo a iniciarem o tratamento ao mais cedo possível.

Contudo, podem ser consultados os resultados do teste cerca de 3 semanas após a colheita no site www.diagnosticoprecoce.pt. Para isso deverá introduzir o número do código entregue aos pais na altura da colheita e seguir os passos indicados. Os resultados mostrados serão “normal” ou “em curso”. Caso o exame esteja alterado, os pais serão contactados antes das 3 semanas. No site também poderão encontrar mais informações acerca do teste do pezinho e das doenças rastreadas.

Qualquer dúvida relativamente à realização do teste do pezinho poderá contactar com a sua equipa de saúde.

Bibliografia

  1. Associação Nacional de Fibrose Quística. Disponível aqui.
  2. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Programa Nacional de Rastreio Neonatal: relatório 2020. Lisboa. 2021. Disponível aqui.
  3. Instituto Nacional de Saúde Pública Doutor Ricardo Jorge. Programa Nacional de Diagnóstico Precoce. Disponível aqui.

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Que cuidados devo ter com a alimentação durante a gravidez?


                		
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Uma alimentação equilibrada durante a gravidez é essencial para o crescimento saudável do feto e para o bem-estar da mãe. Tudo o que a grávida consome vai ser absorvido pelo bebé ajudando-o a crescer e a desenvolver-se por isso é necessário ter atenção à alimentação nesta fase tão importante. Além disso, uma alimentação saudável pode contribuir para que a criança tenha bons hábitos alimentares no futuro. Vai ainda ajudar a prevenir potenciais problemas de saúde maternos como a diabetes gestacional, o aumento exagerado de peso, retenção de líquidos, obstipação, etc.

No entanto, a mãe não precisa de comer por dois. Apesar da grávida ter necessidades aumentadas de energia e de nutrientes dependendo do trimestre em que se encontra (segundo e terceiro trimestre), o mais importante é a qualidade e a diversidade de alimentos e não a sua quantidade. Apesar dos suplementos de ácido fólico, iodo e ferro que são prescritos, a alimentação deve ser o principal fornecedor de vitaminas, minerais e outros nutrientes.

A grávida deve alimentar-se com frequência e pouco de cada vez, procurando fazer refeições pequenas com intervalos regulares (5 a 6 refeições diárias).

A alimentação da grávida deve incluir

Proteína

A proteína é composta por aminoácidos que são responsáveis pela “construção” das células do corpo da mãe e do bebé. Os aminoácidos essenciais não são produzidos pelo próprio corpo pelo que têm de ser obtidos através dos alimentos. No segundo e terceiro trimestre de gravidez existe uma necessidade maior de proteínas devido à formação da placenta, ao crescimento do útero e o crescimento e desenvolvimento do feto.

Deve dar preferência a boas fontes de proteína como:

  • Proteínas de origem vegetal: Ervilhas, feijão, grão, favas ou lentilhas;
  • Proteínas de origem animal: Ovos, peixe gordo (salmão, arenque, sardinha), carnes brancas (aves, coelho);
  • Fontes de laticínios: leite, queijo ou iogurtes;

Deve ingerir proteína várias vezes por dia e incluí-la em todas as refeições, devendo limitar as carnes vermelhas (bovino, porco) a 2-3 vezes por semana;

Hidratos de carbono

Os hidratos de carbono são a principal fonte de energia do organismo pelo que é de elevada importância o seu consumo durante a gravidez. Dos hidratos de carbono ingeridos obtém-se a glicose que é a principal fonte de energia e fundamental para o desenvolvimento do feto e a fibra que é importante pra regular o trânsito intestinal, por exemplo. É importante a ingestão diária e várias vezes ao dia de alimentos ricos em hidratos de carbono como:

  • Pão integral, batata, arroz, massa e a aveia;
  • Deve optar sempre pela versão integral dos hidratos de carbono e com teor reduzido de gordura, açúcar e sal;
  • Deve preferir a fruta fresca em vez de sumos ou purés;
  • Nas refeições principais deve ocupar pelo menos metade do prato com produtos hortícolas;
  • Deve reduzir o consumo de produtos de pastelaria (bolos, doces, folhados), bolachas e biscoitos.

Gordura

A gordura tem funções importantes no organismo. Fornece energia, transporta algumas vitaminas, protege contra o frio e auxilia no desenvolvimento do cérebro e visão. As grávidas apresentam necessidades aumentadas de ácidos gordos essenciais, nomeadamente ómega-6 e ómega-3.

De forma a garantir uma ingestão adequada de gordura a grávida deve:

  • Preferir o azeite na confeção e tempero dos alimentos, usando-o sempre com moderação;
  • Deve incluir pelo menos uma pequena porção de frutos oleaginosos (cerca de 20g, 4 vezes por semana), como as nozes, avelãs, amendoim ou amêndoas;
  • Deve consumir 2-3 porções de pescado por semana, evitando os peixes com alto teor de mercúrio;
  • No caso de dietas vegetarianas/veganas pode ser considerado o uso de suplementos de ómega-3, de acordo com as recomendações do profissional de saúde que acompanha a grávida.

Água

A hidratação adequada é essencial para uma gravidez saudável. A água é necessária para produzir o fluido que envolve o feto na placenta e para aumentar o volume de sangue. Uma forma de monitorizar a hidratação é observar a cor da urina. Esta deve ser de uma cor clara e se for mais escura é porque deve necessitar de aumentar a ingestão de água.

É considerada uma ingestão adequada de água e de alimentos ricos em água (sopas, saladas e fruta) cerca de 3l/dia. Fora os alimentos, isso inclui cerca de 2,3l (cerca de 10 copos) como total de líquidos provenientes de bebidas.

Durante a gravidez deve evitar

  • Leite e lacticínios não pasteurizados;
  • Queijo fresco e requeijão;
  • Queijos mal curados. Os queijos de pasta semi-dura e dura podem ser consumidos, desde que tenham sido produzidos com leite pasteurizado;
  • Enchidos e fumados;
  • Mariscos e enlatados;
  • Peixes com probabilidade de alta concentração de mercúrio (peixe-espada, espadarte, tamboril e tintureira);
  • Carne, peixes e ovos mal cozinhados (e os produtos que os contenham, como a mousse de chocolate ou maionese caseiras);
  • Frutas e legumes crus mal lavados. Devem ser bem lavados antes de consumidos crus, com uma mistura de água e vinagre ou um produto específico para desinfetar alimentos. A fruta pode ser descascada e consumida em segurança;
  • Patês (de qualquer tipo);
  • Alimentos e bebidas doces;
  • Alimentos com excesso de sal ou com aditivos;
  • Café, chá, refrigerantes com cafeína ou bebidas energéticas;
  • Os alimentos crus (fruta, vegetais, carne e peixe antes de ser cozinhada) podem ser portadores de toxoplasmose, salmonela ou outros parasitas por isso devem ser bem lavados. O consumo de peixe fumado e sushi também não é aconselhado.

Os alimentos devem ser preferencialmente bem cozinhados, preparados de forma simples, sem muito sal ou condimentos. Deve ter cuidados redobrados principalmente fora de casa, evitando comer saladas e comida mal cozinhada.

No documento “alimentação e nutrição na gravidez da DGS” têm exemplos de planos alimentares para uma mulher em idade fértil e quais as quantidades de alimentos que deve acrescentar à sua alimentação no primeiro e segundo trimestre de gravidez, assim como as porções e equivalências para cada um dos grupos da roda dos alimentos. Aceda ao documento aqui.

Ingestão de cafeína e álcool na gravidez

Níveis elevados de cafeína durante a gravidez têm sido associados ao baixo peso do bebé ao nascimento, o que pode aumentar o risco de problemas de saúde mais tarde na vida. Também existe um risco, ainda que pequeno, de que o excesso de cafeína possa causar aborto espontâneo.

Deve ser limitada a ingestão diária de cafeína a cerca de 200mg por dia, o que equivale a dois cafés expresso. No entanto, os cafés de cafetarias e restaurantes podem conter níveis mais elevados de cafeína do que o café feito em casa. Em caso de dúvida a grávida deve optar por versões descafeinadas.

O consumo de bebidas alcoólicas, antes ou durante a gravidez está relacionado com um aumento do risco de aborto espontâneo, nascimento prematuro, baixo peso à nascença, doenças na infância e vida adulta e dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento na infância. O álcool atravessa a placenta por isso se a grávida ingerir álcool o feto fica exposto a esta substância no útero. O álcool pode também ser transferido para o leite materno podendo causar efeitos adversos a curto e longo prazo no recém-nascido.

Beber durante a gestação pode causar danos a longo prazo no seu filho. Por isso não deve beber álcool durante a gravidez.

Manter uma alimentação saudável durante a gravidez, além de beneficiar a grávida, influencia a saúde futura da criança e pode determinar a sua adoção de hábitos alimentares adequados no futuro. Esta alimentação pode ser assegurada se seguir os princípios da alimentação saudável da roda dos alimentos assegurando, desta forma, uma alimentação completa, equilibrada e variada.

Bibliografia

  1. Direção Geral da Saúde. Alimentação e nutrição na Gravidez. DGS. Lisboa, 2021. Disponível aqui.
  2. Direção Geral de Saúde. Programa nacional para a vigilância da gravidez de baixo risco. DGS. Lisboa, 2015. Disponível aqui.

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Importância de uma alimentação saudável


                		
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Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental para garantir uma vida mais longa e com mais saúde. A má alimentação aliada a um estilo de vida sedentário acarreta vários riscos para a saúde, como o aumento da prevalência de obesidade, de doenças cérebro e cardiovasculares, metabólicas e do foro oncológico, entre outras. Os hábitos alimentares inadequados estão entre os 5 fatores de risco que mais determinam a perda de anos de vida saudável e a mortalidade, contribuindo para 11,4% da mortalidade, no ano de 2019, em Portugal.

Quando se consideram os hábitos alimentares inadequados juntamente com os fatores de risco cardiovasculares e metabólicos associados a este tipo de dieta (índice de massa corporal elevado, glicose plasmática aumentada, hipertensão arterial e colesterol LDL elevado) é possível observar que, de uma forma global, estes fatores representam cerca de 38% da carga total da doença expressa em anos de vida com incapacidades (sequelas e limitações funcionais) e que, cerca de 60% das mortes anuais se encontram associadas a estes fatores de risco.

Atualmente, a prevalência de obesidade na população portuguesa é elevada com 39,1% da população considerada com sobrepeso e 28,6% com obesidade, ou seja, mais de 50% dos adultos portugueses sofre de excesso de peso.

Segundo dados do INE, em 2016, as doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por 29,6% dos óbitos registados no país, destacando-se as doenças cardiovasculares e doenças isquémicas do coração. Os tumores malignos constituem a segunda maior causa de morte no país, responsáveis por 24,7% dos óbitos, e a diabetes apresentou-se como causa de 3,9% do total de óbitos.

Além das mortes causadas, muitos doentes que sobrevivem ficam com sequelas e limitações funcionais importantes, o que as incapacita de viver uma vida normal.

Como evidenciam os estudos, a prevalência de doenças crónicas em Portugal associadas a uma alimentação inadequada é elevada, tornando-se num dos principais problemas de saúde pública. O aumento da produção de alimentos processados, a rápida urbanização e as mudanças no estilo de vida levaram a uma mudança nos padrões alimentares. As pessoas estão a consumir mais alimentos mais ricos em energia (calorias), gorduras, açúcares refinados e sal e muitos não comem frutas, vegetais, legumes e fibra suficientes, como grãos inteiros, por exemplo.

Desta forma sublinha-se a importância da promoção de um padrão alimentar impulsionador da saúde.

Mas afinal, o que é considerado uma “alimentação saudável”?

Uma alimentação saudável ajuda a proteger contra a desnutrição, bem como contra as doenças não transmissíveis, incluindo diabetes, doenças cardio e cerebrovasculares e neoplasias. Ao fornecer energia e nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, este tipo de alimentação, contribui para o adequado crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes e ajuda a manter o nosso estado de saúde físico e mental.

Uma alimentação considerada saudável pressupõe que esta deve ser completa, variada e equilibrada, proporcionando energia adequada e bem-estar físico ao longo do dia. Alimentos como produtos hortícolas, frutas, cereais e leguminosas, ricos em vitaminas, fibras, sais minerais, com baixo teor de gordura, sal e açúcares refinados devem ser os “alimentos base” do quotidiano para uma alimentação saudável.

Estudos sugerem que o consumo de gordura total não deve exceder 30% da ingestão total de energia. Devem ser eliminadas as gorduras trans industriais (encontradas em alimentos processados, fast food e fritos, p.ex.) e reduzido o consumo de gorduras saturadas (encontradas na carne, queijos, manteigas, óleo de palma, óleo de coco e banha, p.ex.), devendo limitar o consumo de carne vermelha a 1 ou 2 vezes por semana e a carne de aves a 2 ou 3 vezes por semana. Devem dar preferência a gorduras insaturadas que podem ser encontradas em alimentos como o peixe, o azeite, frutos oleaginosos, sementes e o abacate.

Deverá existir um limite de ingestão de açúcares para menos de 10% da ingestão total de energia, sendo sugerida uma redução para menos de 5% da ingestão total de açúcar para se conseguir obter benefícios adicionais de saúde. Deve ainda existir uma diminuição da ingestão de sal para menos de 5 g por dia (equivalente a 1 colher de chá, aproximadamente), o que ajuda a prevenir a hipertensão e a diminuir o risco de doenças cardíacas e cerebrovasculares na população adulta.

Devem ainda ser evitados os sumos, refrigerantes e o álcool e privilegiar o consumo de água. Recomenda-se o consumo de 8 a 10 copos de água por dia para garantir uma hidratação adequada.

A ingestão de energia (calorias) deve ainda ser adequada ao gasto de energia do indivíduo, não devendo ser ingeridas mais calorias do que as necessidades diárias do organismo.

Uma alimentação equilibrada implica, neste sentido, a combinação certa de “alimentos base”, considerados “saudáveis” e pobres em gorduras saturadas, sal e açúcares refinados, de forma a que, além da manutenção de um peso saudável, seja garantida a ingestão de todos os nutrientes indispensáveis à vida e a uma boa saúde.

Bibliografia

  1. Gregório MJ, Sousa SM, Teixeira D, Ferreira B, Figueira I, Taipa, M, et al. Aconselhamento breve para a alimentação saudável nos cuidados de saúde primários: Modelo de Intervenção e Ferramentas 2020. Lisboa: Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Direção Geral da Saúde; 2020. Disponível aqui.
  2. Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME). Global Burden Disease Portugal 2019. Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME); 2020. Disponível aqui.
  3. Barreto M, Gaio V, Kislaya I, Antunes L, Rodrigues AP, Silva AC, et al. 1º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015): Estado de Saúde. Lisboa: INSA IP; 2016. Disponível aqui.
  4. Camolas,J, Gregório M., Sousa SM, Graça P. Obesidade: Otimização da abordagem terapêutica no Serviço Nacional de Saúde 2017. Lisboa: Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Direção Geral da Saúde; 2017. Disponível aqui.
  5. Instituto Nacional de Estatística (INE). Causas de Morte 2018. Instituto Nacional de Estatística (INE). 2018. Disponível aqui.
  6. World Health Organization (WHO). Healthy Diet. Fact Sheet nº395. World Health Organization (WHO). 2015. Disponível aqui.

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A importância da atividade física para a saúde


                		
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A atividade física tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante na vida das pessoas. Sabemos que a sua prática é fundamental para a saúde e o bem-estar das populações, estando comprovado cientificamente que ajuda a prevenir e controlar doenças não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, diabetes e neoplasias, ajudando a prevenir fatores de risco como a obesidade, hipertensão arterial e a dislipidemia.  A atividade física contribui ainda para a nossa saúde mental e para manter um peso corporal saudável.

No entanto sabemos que o estilo de vida da população traduz-se cada vez mais em comportamentos menos ativos e mais sedentários o que leva a um aumento dos custos de saúde e na produtividade relacionados com o aparecimento ou agravamento de patologias, o que leva à procura dos serviços de saúde, e consequente absentismo ou produtividade limitada.

No caso específico de Portugal, com dados relativos a 2017 a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, em cerca de 10 milhões de habitantes, onde 50% seja insuficientemente ativa, existiu um custo anual derivado da inatividade física de 900 milhões de euros, o equivalente a 9% do orçamento do Ministério da Saúde para esse ano. Revelou também que cerca de 14% das mortes anuais estariam associadas à inatividade física, um valor superior à média mundial.

Benefícios da atividade física para a saúde

Várias pesquisas demonstraram que a realização de atividades físicas regulares de intensidade moderada a vigorosa fornece muitos benefícios para a saúde. Alguns benefícios podem ser alcançados imediatamente, como a redução da sensação de ansiedade, redução da pressão arterial, melhoria da sensibilidade à insulina e melhoria na função cognitiva e qualidade do sono.

Após algumas semanas ou meses do início da prática da atividade física existe um aumento da capacidade cardiorrespiratória e da força muscular, diminuição dos sintomas depressivos e redução sustentada da pressão arterial. A prática de exercícios físicos também pode retardar ou atrasar a progressão de doenças crónicas, como hipertensão e diabetes tipo 2. Todos estes benefícios persistem com a continuidade da prática da atividade física.

Os benefícios da atividade física são notórios em todas as pessoas, de diferentes faixas etárias, género e etnias e em pessoas com doenças crónicas ou deficiências. Os benefícios são geralmente independentes do peso corporal e da estatura da pessoa. Todos têm benefícios para a saúde ao serem fisicamente ativos. O benefício da atividade física também supera o risco de lesões e ataques cardíacos, duas preocupações que podem impedir as pessoas de se tornarem fisicamente ativos.

A evidência mostra que a atividade física contribui para a longevidade reduzindo as taxas de doença coronária, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, diabetes tipo II, depressão e quedas. Apresenta ainda efeitos benéficos na aptidão cardiorrespiratória e muscular, assim como na composição corporal, peso, autonomia física e saúde óssea.

A atividade física mostra também um papel de extrema importância em idades mais avançadas, prevenindo doenças neurodegenerativas, nomeadamente a doença de Alzheimer, doença de Parkinson, entre outras.

A OMS define atividade física como “qualquer movimento corporal produzido pela contração dos músculos esqueléticos que aumenta o gasto de energia acima de um nível basal”. No nosso quotidiano, ao realizar as tarefas diárias, e ao movermo-nos de um lado para o outro já estamos a gastar energia, contudo, para conseguirmos obter os benefícios da atividade física temos que fazer algo mais e aí entra a prática de exercício físico. Este é uma “atividade planeada, estruturada, repetitiva e executada com o objetivo de melhorar a saúde ou a forma física. Embora todo o exercício físico seja atividade, nem toda a atividade física é exercício”.

A OMS recomenda 150 minutos de exercício físico de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa por semana, ou uma combinação de ambos. Existem muitos tipos de atividade física, incluindo natação, corrida, caminhada, dança, andar de bicicleta, saltar à corda, para citar alguns. Recomenda ainda a realização de treinos de força pelo menos 2 dias por semana, exercitando todos os grupos musculares.

Essas recomendações ainda podem ser alcançadas mesmo em casa, sem equipamentos especiais e com espaço limitado.

Bibliografia

  1. American Heart Association. American Heart Association recommendations for physical activity in adults and kids. AHA. 2018. Disponível aqui.
  2. Centers for Disease Control and Prevention. Health Benefits of Physical Activity for Adults. CDC. 2020. Disponível aqui.
  3. Direção Geral da Saúde. Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física. DGS. Lisboa. 2017. Disponível aqui.
  4. Freitas M. Efeitos de diferentes tipos de treino na aptidão física de idosos residentes na comunidade. Dissertação. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto. 2017. Disponível aqui.
  5. Jones A. W., Davison G. Exercise, Immunity, and Illness. In Muscle and Exercise Physiology. Academic Press. 2019. Disponível aqui.
  6. Nieman D. C.,  Wentz L. M. The compelling link between physical activity and the body’s defense system. Journal of sport and health science, 8(3), 201-217. 2019. Disponível aqui.
  7. Organização Mundial da Saúde. Diretrizes da OMS para atividade física e comportamento sedentário: num piscar de olhos. OMS. 2020. Disponível aqui.
  8. U.S. Department of Health and Human Services. Physical Activity Guidelines for Americans, 2nd edition. Department of Health and Human Services. Washington. 2018. Disponível aqui.

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Como funciona o jejum intermitente e quais os seus benefícios para a saúde?


                		
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Durante os últimos anos a prática do jejum intermitente tem ganho vários adeptos. Considerado um aliado à perda de peso, esta conduta, tem-se revelado, junto da comunidade científica, benéfica noutras áreas da saúde. No entanto, ainda existe muito ceticismo relativamente a este tema, levantando impedimentos à adoção deste padrão alimentar pela comunidade.

Uma dieta de várias refeições por dia, com lanches entre as refeições principais, está tão enraizada na nossa cultura que uma mudança neste padrão alimentar raramente será contemplada pela sociedade e comunidade médica. Aprendemos desde criança que é importante comer de 3 em 3 horas, o que torna difícil a mudança deste hábito. Aliado a este padrão, existe também uma abundância e variedade de produtos alimentares nos países desenvolvidos que, com publicidade aliciante, estimulam o seu consumo, tornando-se também um obstáculo a ser superado.

Outro impedimento surge quando, ao mudar para um regime de jejum intermitente, muitas pessoas sentem fome, irritabilidade e redução da capacidade de concentração durante os períodos de restrição alimentar, o que leva a que desistam facilmente. No entanto, esses efeitos colaterais iniciais geralmente desaparecem após um mês.

É certo que uma alimentação equilibrada, com a ingestão adequada de macro e micronutrientes adaptada às nossas necessidades diárias é fundamental. No entanto, aliado a uma alimentação saudável, o jejum intermitente pode trazer inúmeros benefícios para a saúde como sugerem estudos recentes.

O que é o jejum intermitente?

O jejum intermitente é um termo geral que significa fazer pausas periódicas na alimentação. É usado para descrever uma variedade de padrões alimentares em que nenhumas calorias são consumidas por períodos que podem variar de 12 horas a vários dias, de forma recorrente. Pode ser feito em vários ciclos de tempo e, dependendo dos objetivos pretendidos, pode ou não incluir restrição calórica durante os períodos de alimentação.

A comunidade científica concorda que a ingestão excessiva de energia está associada ao aumento da incidência de doenças crónicas como a obesidade, diabetes tipo 2 e a síndrome metabólica.

Um dos principais objetivos do jejum intermitente é reduzir o valor total de energia consumida, criando assim, um balanço energético negativo, que resulta na perda de peso, controlo da dislipidemia, da pressão arterial, das alterações da composição corporal e um aumento na sensibilidade à insulina. Desta forma, a restrição calórica por jejum intermitente aumenta a longevidade e reduz a incidência de doenças crónicas.

Em humanos, os três regimes de jejum intermitente mais estudados são: o jejum em dias alternados, o jejum intermitente 5:2 (jejum de 2 dias por semana) e a alimentação diária com restrição de tempo. Este último regime, também conhecido como jejum noturno, é o mais popular e adotado. Este padrão alimentar envolve jejum por um determinado período de tempo durante o dia. Normalmente a pessoa janta e só come no dia seguinte, cumprindo 12 ou mais horas sem comer.

Os períodos mais comuns são:  jejum de 12, 14 ou 16 horas, sendo o de 16 horas o que demonstrou ter mais efeitos benéficos na saúde. Neste método a pessoa fica 16 horas sem se alimentar (termina de jantar às 21h e só almoça no dia seguinte às 13h, por exemplo), podendo ingerir apenas bebidas sem calorias (como: água, chá e café sem qualquer adição de açúcar ou adoçante), tendo uma janela de alimentação de 8 horas (das 13h às 21h). Nesta janela de alimentação deverá ter uma ingestão de nutrientes o mais completa e equilibrada possível, de forma a não causar um défice nutricional.

Mas afinal como é que o jejum intermitente funciona?

As principais fontes de energia das células são a glicose e os ácidos graxos. Após as refeições, a glicose é usada como energia. O seu excedente é armazenado sob a forma de gordura (triglicerídeos), no tecido adiposo. No período de jejum, os triglicerídeos são quebrados em ácidos graxos e glicerol, que são utilizados como energia. Estes ácidos são, de seguida, convertidos em corpos cetónicos pelo fígado, fornecendo uma importante fonte de energia para muitos tecidos durante o período de jejum, em especial o cérebro. O organismo, quando “alimentado” apresenta uma baixa quantidade de corpos cetónicos na corrente sanguínea. Estes aumentam dentro de 8 a 12 horas após o início do jejum.

Dietas que reduzem a ingestão calórica em 1 ou mais dias por semana resultam em níveis elevados de corpos cetónicos nesses dias. Os corpos cetónicos não são apenas combustíveis usado durante os períodos de jejum, são também moléculas sinalizadoras potentes, com efeitos importantes nas funções celulares e orgânicas. Estes regulam a expressão e a atividade de muitas proteínas e moléculas que influenciam a saúde e o envelhecimento.

As células respondem ao jejum envolvendo-se numa resposta adaptativa coordenada ao stress. Esta resposta leva a um aumento da expressão das defesas antioxidantes, reparação do DNA, controle de qualidade das proteínas, biogénese mitocondrial e autofagia. Estas respostas permitem que as células removam proteínas e mitocôndrias danificadas por oxidação e reciclem os constituintes moleculares não danificados. Durante esse processo reduzem temporariamente a síntese proteica global, para conservar energia e recursos moleculares.

Pessoas sedentárias e que comem demais vêm esse processo suprimido.

Quais são os efeitos do jejum intermitente na saúde?

Vários estudos indicam que muitos dos benefícios do jejum intermitente estão separados dos seus efeitos na perda de peso. Esses benefícios incluem melhorias na regulação da glicose, pressão arterial, frequência cardíaca e perda de gordura abdominal, melhorando assim o controlo da obesidade, a resistência à insulina, a dislipidemia, a hipertensão e a inflamação.

O jejum intermitente parece conferir benefícios à saúde, em maior extensão do que uma dieta em que apenas exista uma redução na ingestão calórica. Além de ambas as práticas levarem a uma redução de peso semelhante, as pessoas que fizeram jejum intermitente tiveram um aumento maior na sensibilidade à insulina, uma redução maior na circunferência abdominal e um aumento da perda de gordura mantendo a massa muscular ao realizar treinos de força.

Alguns estudos sugerem ainda que a nível cerebral, o jejum intermitente causa efeitos celulares e moleculares semelhantes aos do exercício físico regular melhorando a função cognitiva. Investigações realizadas recentemente demonstram que adultos mais velhos, sujeitos a um regime de restrição calórica de curto prazo melhoraram a memória verbal, memória de trabalho e cognição global.

Quais as contra-indicações do jejum intermitente?

Embora exista uma escassez de resultados de pesquisa acerca das contraindicações do jejum intermitente, este padrão alimentar pode não ser apropriado para crianças, mulheres grávidas ou a amamentar ou outros grupos com maiores necessidades nutricionais. Devem também ter cuidado pacientes com diabetes tipo 1, pelo risco aumentado de cetoacidose diabética, ou pessoas que tenham episódios recorrentes de hipoglicemia (níveis baixos de açúcar no sangue).

Adultos que estão nutricionalmente comprometidos devido a condições associadas à má absorção ou ingestão calórica limitada (p.ex: doença inflamatória intestinal) devem ser avaliados cuidadosamente.

O jejum intermitente também não é recomendado para pessoas com transtorno alimentar existente ou com o seu histórico, como anorexia ou bulimia.

Conclusão

Diversos estudos clínicos mostram que a prática do jejum intermitente tem benefícios de amplo espectro para muitas condições de saúde como a obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, cancros e distúrbios neurológicos.

Os praticantes podem começar a reduzir gradualmente a janela de tempo durante a qual consomem alimentos (janela de alimentação), com o objetivo de jejuar por 14 a 16 horas por dia. A duração do jejum pode ser ajustada de acordo com a tolerância e adesão do praticante.

Se a pessoa tiver alguma doença pré-existente deverá consultar um profissional de saúde competente, de forma a garantir que as necessidades nutricionais estão a ser cumpridas e confirmar se poderá existir algum prejuízo na prática deste regime. Esta supervisão clínica rigorosa pode não ser necessária, se não existir patologias major e se a pessoa estiver com boa saúde e tiver alguma literacia nutricional, que a permita tomar as melhores decisões alimentares.

Durante a janela de alimentação deve ser adotada uma ingestão de alimentos equilibrada, fazendo escolhas mais saudáveis, de forma a garantir uma ingestão adequada de nutrientes.

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A primeira consulta de vigilância de saúde do recém-nascido


                		
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A primeira consulta do bebé no Centro de Saúde deve ser realizada até aos 15 dias de vida. Durante esta consulta são avaliados vários parâmetros relativos ao parto e ao recém-nascido e são realizados diversos ensinos pertinentes para esta fase. Os pais já devem ter consigo o boletim de saúde infantil e juvenil e o boletim individual de saúde com o registo das vacinas administradas (entregue na maternidade) ou, caso ainda não tenham, será entregue na primeira consulta. Este boletim deverá acompanhar os pais em todas as consultas da criança.

Principais parâmetros avaliados na primeira consulta do recém-nascido

Existem vários parâmetros que são avaliados em cada consulta de vigilância de saúde infantil e juvenil. Estes parâmetros permitem avaliar a saúde e o desenvolvimento da criança e a deteção precoce de problemas de saúde que necessitem de cuidados especiais e/ou de um encaminhamento para outros profissionais especializados. É importante que os pais refiram qualquer problema ou dúvida que possa ter surgido nestes primeiros dias com o recém-nascido de forma a terem uma avaliação mais dirigida. Os principais parâmetros avaliados na primeira consulta são:

Dados relativos ao parto e primeiros dias de vida do recém-nascido

  • Tipo de parto, idade gestacional, índice de Apgar (ao 1º, 5º e 10º minutos de vida) e intercorrências durante o parto;
  • Dados antropométricos ao nascimento (peso, comprimento, perímetro cefálico) e a relação entre os mesmos e a idade gestacional;
  • Verificar se foram realizados os primeiros rastreios ao recém nascido:
    • Rastreio precoce neonatal ou “teste do pézinho” (colheita de sangue entre o 3º e o 6º dia de vida);
    • Rastreio de cardiopatias congénitas;
    • Rastreio oftalmológico e auditivo, entre outros;
  • Verificar o cumprimento do calendário vacinal de acordo com o plano nacional de vacinação:
    • Primeira dose da vacina VHB (vacina contra a hepatite B), que por norma é realizada na maternidade;
    • Primeira dose da vacina BCG (vacina contra a tuberculose), se for elegível para a vacinação de acordo com grupos de risco estabelecidos;
    • Caso as vacinas não tenham sido realizadas na maternidade serão administradas nesta primeira consulta.

Avaliação antropométrica

  • Avaliação do peso, comprimento, índice de massa corporal e perímetro cefálico.

Exame físico completo

  • Observação da pele (alterações fisiológicas e/ou transitórias, fenómenos vasculares, alterações da pigmentação, alterações hormonais, avaliação das mucosas, etc.);
  • Avaliação do tamanho e forma da cabeça;
  • Rastreio de problemas da visão e audição;
  • Observação da cavidade oral (pesquisa de fendas palatinas, freios curtos da língua ou lábio);
  • Auscultação cardíaca e pulmonar, palpação abdominal e avaliação do cordão umbilical;
  • Pesquisa de pulsos femurais e eventuais hérnias inguino-escrotais;
  • Avaliação de possíveis alterações na coluna (defeitos tubo neural, mielomeningocelo, fosseta sacro-coccígea);
  • Observação da região genital;
  • Avaliação da anca (rastreio de displasia da anca).

Principais temas abordados na consulta

Existem vários temas que são abordados pelos profissionais de saúde nesta primeira consulta, sendo que alguns deles já podem ter sido abordados na maternidade após o nascimento do bebé. É importante que ambos os progenitores estejam presentes, de forma a conseguirem assimilar o máximo de informação possível para conseguirem prestar os melhores cuidados ao seu bebé. Os temas abordados são relativos a:

  • Alimentação:
    • Tipo de aleitamento e a periodicidade das refeições;
    • Frequência da regurgitação;
    • Promoção do aleitamento materno pelo menos até aos 6 meses.
    • Necessidades hídricas diárias;
    • Reforço dos cuidados na preparação do biberão;
    • Ensino dos sinais de alerta de amamentação ineficaz;
  • Avaliação do trânsito intestinal e micções;
  • Cuidados de higiene diários e cuidados com o cordão umbilical;
  • Cuidados com a roupa do bebé;
  • Avaliação dos hábitos de sono;
  • Ensino sobre atividades promotoras do desenvolvimento do bebé;
  • Recomendações sobre medidas de segurança;
  • Ensino da medição da temperatura;
  • Explicação sobre outros sinais de alarme: recusa alimentar (saltar 2 mamadas seguidas), gemido, irritabilidade, prostração, cianose, choro inconsolável.

Na consulta o médico e o enfermeiro irão registar todos os dados nos boletins da criança e procederão ao agendamento das consultas e vacinas seguintes. Todos os cuidados são poucos nesta fase pelo que os pais devem aproveitar estes momentos para tirar todas as dúvidas com os profissionais de saúde.

Bibliografia

  1. Direção Geral da Saúde. Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. DGS. Lisboa, 2013. Disponível aqui.
  2. Silva J, et al. Manual de Saúde Infantil e Juvenil. Centro Hospitalar Entre o Douro e Vouga, ACES Espinho-Gaia, USF Nova Via. 2018. Disponível aqui.

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Endometriose e infertilidade


                		
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza a infertilidade como a incapacidade de um casal, em idade reprodutiva, conseguir engravidar após doze meses de tentativas, sem o uso de métodos contracetivos e mantendo relações sexuais pelo menos seis vezes por mês.

Cerca de 16% dos casais em idade reprodutiva são considerados inférteis e em cerca de 60% dos casos a infertilidade está associada à saúde feminina, ainda que possa ter causas masculinas ou até uma associação de ambos.

Podem ser inúmeras as causas que podem afetar a fertilidade, sendo uma delas a existência de endometriose. A evidência científica estabelece uma associação entre endometriose e infertilidade. Contudo, a exata relação de causa e efeito ainda é controversa.

A taxa de fecundidade de casais em idade reprodutiva é estimada em cerca de 15% a 20%, enquanto a taxa em mulheres com endometriose não tratada é estimada em 2% a 10%. A endometriose acomete aproximadamente 5 a 15% das mulheres em idade reprodutiva e alguns estudos relatam que entre 30 e 50% das mulheres com esta doença são inférteis.

Estudos recentes sugerem que num grupo de mulheres com endometriose classificada como mínima e leve (de acordo com a classificação da American Society of Reproductive Medicine) cerca de 50% conseguirá engravidar sem nenhum tipo de tratamento, em mulheres com grau moderado apenas 25% conseguirá conceber espontaneamente e em casos de doença severa apenas algumas conseguirão engravidar.

Além disso, relativamente à localização e forma da doença, os implantes localizados no peritoneu estão mais relacionados com infertilidade quando comparados aos casos de endometriose profunda e endometriomas. Aceita-se, por este prisma, que a infertilidade ligada à endometriose assuma um caráter multifatorial com diferentes mecanismos que podem interferir no processo de reprodução normal.

A endometriose pode causar infertilidade por vários motivos:

  • Alterações imunológicas;
  • Influência hormonal na ovulação e implantação do embrião;
  • Alteração das hormonas prolactina e prostaglandinas;
  • Anormalidades anatómicas dos ovários, trompas uterinas e útero, devido a adesões e formação de endometriomas;
  • Alterações da função ovariana, como a redução da qualidade dos oócitos e libertação do óvulo;
  • Dificuldade no transporte do óvulo pelas trompas uterinas devido a aderências;
  • Diminuição na recetividade endometrial (pela produção de substâncias que atrapalham a implantação do embrião);
  • Presença de stress oxidativo causado no peritoneu pela presença de tecido endometrial, o que pode interferir na interação entre os gâmetas (causando dano não somente aos oócitos e aos espermatozoides, mas também ao embrião em formação).

Quando a mulher apresenta um estadio mais avançado da endometriose, as alterações anatómicas e aderências causadas pelo tecido extrauterino demonstram ser um fator óbvio de infertilidade. Contudo, muitas mulheres que apresentam um estadio leve ou moderado da doença mantêm queixas de infertilidade mantendo a relação causal ainda em discussão.

Qual o tratamento para a infertilidade associada à endometriose?

O tratamento da infertilidade associado à endometriose depende de algumas variáveis como a idade da paciente, o tempo de infertilidade e o grau de gravidade da doença.

Tratamento clínico

Este tratamento é baseado no facto de o tecido endometrial ser recetivo e dependente de estrogénio. Os medicamentos usados criam um ambiente hipoestrogénico (baixo em estrogénio) que leva à interrupção do ciclo menstrual e que possibilita muitas vezes a regressão dos focos de endometriose. Contudo, até ao momento, não existem provas de que apenas o tratamento hormonal associado à infertilidade aumente a taxa de gravidez. No entanto, alguns autores evidenciam a sua importância em certos casos de endometriose severa, antes de optar por técnicas de reprodução assistida.

Tratamento cirúrgico

A cirurgia laparoscópica é considerada a melhor alternativa padrão no tratamento de endometriose associada à infertilidade. Os objetivos principais da cirurgia em utentes com endometriose são a remoção completa de todos os implantes endometriais e aderências dos órgãos envolvidos, restabelecendo a anatomia normal da pelve.

Técnicas de Procriação Médica Assistida

A percentagem de gravidezes naturais é bastante expressiva após a remoção do tecido endometrial ectópico. Mas quando isso não acontece, a indicação pode passar pelas técnicas de reprodução assistida.

A relação sexual programada (RSP) e a inseminação intrauterina (IIU) são técnicas de procriação médica assistida de baixa complexidade e são recomendadas para mulheres com casos de endometriose mínima ou leve ainda nas fases iniciais da doença. Nestas técnicas, as trompas uterinas e os espermatozoides devem estar saudáveis, pois a fecundação ocorre de forma natural. Na IIU existe ainda uma seleção dos melhores espermatozoides que são inseridos e depositados no útero, através de um cateter, durante o período fértil.

Contudo, existem recomendações recentes que não defendem a realização desta técnica nas mulheres com endometriose. Os argumentos usados são de que, com recurso à IIU não se evitam os efeitos do ambiente inflamatório pélvico.

A FIV (fertilização in vitro) é considerada uma técnica de alta complexidade. É indicada para os casos de endometriose moderada ou grave, que geralmente provocam danos nas trompas uterinas, e em casos de endometriose ovariana cística (endometriomas), ou quando não houver sucesso nos tratamentos anteriores.

Uma das principais vantagens do tratamento com FIV em pacientes com endometriose parece ser que os gâmetas são removidos do ambiente inflamatório desfavorável o que poderá maximizar a fecundidade além de serem contornados as possíveis alterações estruturais causadas pela doença. Na FIV, a fecundação ocorre em laboratório. Os embriões são criados e após 3 a 5 dias são transferidos para o útero.

Porém, estudos referem que as mulheres com endometriose têm uma redução da resposta ovárica na FIV comparativamente a mulheres inférteis sem endometriose, obtendo em média um menor número de ovócitos maduros e têm três vezes mais probabilidade de cancelamento de ciclo por má resposta. As punções ováricas são potencialmente mais desafiantes em mulheres com endometriomas.

Por tudo isto, o diagnóstico precoce e o tratamento da endometriose da mulher que pretende engravidar é crucial para que as mulheres consigam realizar o sonho de serem mães. A procura de ajuda especializada é essencial, porque vai avaliar cada caso em particular oferecendo à mulher as melhores alternativas disponíveis e viáveis para uma conceção saudável.

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